sábado, 6 de dezembro de 2008

Negando os pseudos "arranjos de Krishna"

Saindo um pouco do raciocínio, indo para um pensâmen atual.


Refleti comigo mesmo esta história de "arranjo de Krishna" e "pô, não tá dando certo... vai ver Krishna não quer mesmo". Definitivamente, resolvi abolir estes pensamentos. Por quê? Vejamos:


- O serviço em particular está difícil de concluir - desde "o pedaço da maçã não pára de escorregar de minha mão" até "não consigo abrir a conta para o templo";

- A repetição está levando a exaustão;

- Aí surge o pensamento: "Puxa, talvez Krishna não queira este pedaço de maçã... já caiu na pia umas 5 vezes..." ou "Puxa, acho que Krishna não quer que façamos uma conta no banco. Pode ser muito pepino..";

- Aí surge a desmotivação;

- Aí surge o "abort mission", devido ausência de energia à ser empreendida.


O principal foco é a perda da energia/perda do entusiasmo. Utilizar um pensamento consciente de Krishna para desentusiasmar o indivíduo de atingir um objetivo é completamente o fim da macaca vairagya (markata). E mais:


- Krishna tem várias formas de apresentar Suas vontades. Não é através de algo desmotivador que Ele apresentará. Tenha CERTEZA disto;

- Essas desculpas desmotivadoras são mero arranjo da mente, que está em contato com modos inferiores da natureza material (gunas);

- Isto pode até ser Maya, a cachorrinha muito educada de Krishna, que está perguntando: "quer realmente fazer isto pra Krishna?";

- Qualquer pensamento/ação/palavras que tragam desmotivação deve ser ABOLIDA, refreada, guardada à sete chaves e jogada oceano abaixo. Isto porque cada vez que vemos algo do gênero, mesmo não sendo conosco, se não corrigirmos.... no mínimo na mente, aquele fato será armazenado na memória e aquilo será "utilizado contra nós".


Tenho exemplos de associados íntimos do Senhor que fizeram/comprovaram meu raciocínio:


1° - Srila Prabhupada. Com 68 anos nas costas, corpo velho, casado, com uma moradia num templo em Vrindávana, veio para os Estados Unidos, após muito sacrifício e TRÊS ENFARTES durante a viagem num NAVIO CARGUEIRO, para satisfazer seu mestre espiritual (fora os diversos exemplos em sua vida, apresentados belamente no livro "Prabhupada Lilamrita", como por exemplo o caso do terreno em Bombaim);

2° - Não lembro quem foi, se foi Srila Vishvanatha Cakravarti, Govinda dasa, Narottama dasa Thakur ou Bilvamangala Thakur. Bem, estava ele com suas onipotências Sri Sri Goura-Nitai, deidades eternamente adoráveis. Seu comportamento intrigante de conversar com as deidades já era conhecido pelos moradores do vilarejo. Um certo dia, quando ele fora acordar as deidades, viu que haviam roubado os artigos de adoração. Alguns moradores do vilarejo, vendo ele conversando com as deidades meio que esbravejando, foram questionar à ele sobre o ocorrido, na qual ele respondeu: "Mas o que posso fazer se Krishna é amigo dos ladrões?". No dia seguinte, haviam roubado o prato de prasadam de Caitanya (ou Nityananda? acho que era Caitanya mesmo), na qual ele muito "de cara" disse: Agora já é demais, Caitanya! Ficará sem comer até que Seu prato seja devolvido!!". E assim o fez (Nota: este acarya só comia os restos fos alimentos que ele oferecia à suas deidades). Após três dias, O prato estava lá novamente. n.n

3° - Rukmuni sempre foi muito serviçal e dedicada a satisfazer Krishna, e por isso era uma das rainhas principais de Dvaraka. Certo dia, quando abanava Krishna, Krishna resolvera pregar uma peça nEla, dizendo as seguintes palavras (não exatamente, por favor): "Ó, quão tola é você, Rukmini. Eras princesa opulenta, e fostes raptada por Mim, devido Seu desejo de querer estar Comigo. Porém sabes que não preciso de nada para ser feliz, Sou auto-satisfeito. O que Seus serviços poderiam oferecer-me?". Naquele momento, ao invés de ficar irada, o que era esperado por Krishna, Ela começou a perder a cor, derrubou o abano de Sua mão e pouco a pouco foi perdendo a consciência, perdendo o controle de Seu ar vital. Quando Krishna, surpreso, viu aquela reação, logo se redimiu, e glorificou o serviço devocional, no qual, no mesmo instante, fez Rukmini retomar a compostura e glorificar o mesmo.


As duas últimas histórias mostram que, mesmo que Krishna não quizesse que a conta não fosse feita no banco, ou que não quizzesse a maçã, NÃO IMPORTA! Este serviço deve ser concluido mesmo assim, para o espanto e consequente satisfação dEle.


Assim, se este pensamento "ah, arranjo de Krishna. Krishna não quer" ou algum outro que incite desmotivação, ARRANQUE-O, DETONE-O FILOSOFICAMENTE e que eles sejam maiores motivos para seu serviço ser bem-concluído!


Concordam?

Atato utsaha jijnasa

Um comentário:

Citraleka disse...

concordo plenamente contigo. diariamente estou lutando com minha mente e com mentes alheias pra não desistirmos, pensando ser arranjo de Krishna, quando os obstáculos surgem. Mas, filho, tenho uma dúvida: e quando a situação é diferente. quando é algo mais relacionado a nós mesmos dentro das coisas desse mundo, não algo tão evidente como nosso serviço devocional ou algo pra o templo? como vamos saber se algum obstaculo neste caso é Krishna querendo dizer:"não faça essa escolha", ou,"continue lutando". entende? tipo um emprego, um curso, uma coisa do mundo mesmo que fazemos buscando usar pra Krishna, mas as vezes parece q as coisas ficam dificeis... e aí? é maya ou Krishna?é nesses situações que não sei oq fazer...